The Heart of Insanity

O dia simplesmente tinha sido complicado. Estar no barco de Caronte não era lá a melhor coisa do mundo, mas pelo menos tinham seus quartos e uma mesa pífia para jantar. Na mesa, apenas Thomas e Myra. Os outros já tinham se recolhido pra dormir. Estava pensativo sobre os acontecimentos de mais cedo e pediu para que ela ficasse. Queria ter uma conversa. – Acha que vamos conseguir? – Disse, se recostando na cadeira, colocando ambas as mãos atrás da cabeça e dirigindo seu olhar para ela, esperando uma resposta.

Estava curiosa com o que o capitão tinha para discutir comigo, era sempre uma alivio, até mesmo uma honra, poder discutir a situação atual com a pessoa que ela havia jurado sua vida. Estava nervosa e ao mesmo tempo calma, a pergunta dele ficou em minha cabeça, ponderei sobre minha resposta, e finalmente disse – Creio que sim capitão, somos todos ótimos guerreiros, se ficarmos juntos...e discutirmos as coisas com um todo...ficaremos bem. – tentava o máximo dar um sorriso confiante, mas sabia que já havia falhado, e não queria parecer uma esquisitona. Voltou seu olhar para a mesa, onde limpava uma de suas tesouras antes da conversa começar. Mesmo confiando cegamente nele, ainda era um homem, uma criança na verdade...mas isso não me fazia ficar menos desconfortável.

Era possível ver o nervosismo no sorriso de Myra. Thomas suspirou, não insatisfeito com a resposta da garota, mas com todo o percurso daquela história. – Alguns vão ficar pra trás. É inevitável. – Disse. De fato, alguns já até tinham morrido. Não gostava daquilo. Tinha se acostumado com a ideia, porém. – Se bem me lembro, você veio pra missão porque não tinha nada a perder, não é? Eu não lembro muito da sua ficha, mas parecia que você era selecionada para algumas missões especiais. Assassinato, eu creio. – Não de humanos, claro, mas demônios mais imponentes e menos perigosos que príncipes, que vez ou outra se mostravam pertos demais de Valliheim. – Se você sair viva, o que pretende fazer? – Tinha um tom sonhador na voz, ao fazer a pergunta.

Conforme a conversa seguia, me sentia melancólica, e um pouco triste. Sim, ele tinha razão, já havíamos perdido alguns, um deles, eu já até tinha aceitado, era um tanto irritante, mas não me tratava com uma assassina, era mais como um palhaço ao meu ver. O Capitão trouxe a tona meu passado, um calafrio subiu pelo meu corpo, mas ignorei esse sentimento – Como tudo que eu me importava era minha mãe...e ela se foi, realmente não me resta nada, apenas minha criação, que está comigo desde descobri minhas habilidades divinas. – quando mencionei Eins, senti um aperto no coração, fazia algum tempo que não a via, claro que seria melhor assim, ela não se machucaria e não veria eu morrer, caso acontecesse. A pergunta veio repentinamente, o olhei por um tempo e inclinei minha cabeça para o lado – Sabe, nunca havia pensado nisso, mas se possível gostaria de viver pacificamente...sem estar trancada e sob vigilância constante haha. – dei uma risada sem graça, mas o que havia dito era verdade e por alguma razão sentia alivio em compartilhar seus sonhos, que podiam nunca virar realidade.